Fala meus amigos e amigas, hoje venho falar sobre o nosso quadrinho do mês, sessenta primaveras no inverno. Ele será nosso destaque e faremos diversos conteúdos sobre ele. E para começar deixo a vocês uma review, feito por mim sobre essa fantástica obra.
Quem nunca sentiu o desejo profundo de abandonar tudo e se entregar à vida selvagem das emoções?
Sessenta estações no inverno acompanham Josy, uma mulher corajosa que decide deixar para trás as amarras do cotidiano e se aventurar pelo mundo. Talvez pareça um enredo já explorado, porém, aqui, a narrativa se desdobra em nuances contemporâneas, entrelaçando-se com questões e batalhas do nosso tempo. As motivações e os porquês permanecem enigmáticos, e isso adiciona um tempero misterioso à jornada de Josy. A decisão, assim, se revela acertada, permitindo-nos imergir completamente no que está por vir. As autoras habilmente nos conduzem pelo caminho do autoconhecimento de Josy, enquanto este floresce e se transforma ao longo dos desafios.
Embora seja uma jornada de autodescoberta, alguns lampejos do passado ajudam a colorir a narrativa. No entanto, é inevitável tecer uma crítica à HQ, pois os poucos vislumbres apresentados parecem um tanto forçados e, por vezes, ambíguos. Não que isso seja um entrave, mas uma maior exploração enriqueceria a trama, conferindo-lhe quase uma perfeição. Assim, centradas na jornada de Josy, emergem questionamentos sobre o envelhecimento, o machismo e, sobretudo, a instituição do casamento. Quantos de nós permanecemos em relacionamentos apenas por conveniência? Neste ponto, as autoras desempenham seu papel magistralmente, através de um clube exclusivo para mulheres divorciadas.
Neste clube, elas compartilham suas aflições, elaboram planos e confrontam traumas, forjando laços capazes de abarcar todas as nuances. Destaque-se também a análise da dinâmica familiar nessas questões, onde muitas vezes não se enxergam as duas faces da moeda, pendendo sempre para o lado masculino. Uma crítica incisiva e habilmente trabalhada. Retornando à vida de Josy, é palpável a angústia que ela enfrenta, o desgaste nas relações com os filhos e um marido que se refugia por trás da prole, incapaz de compreender o que está ocorrendo.
Josy, além de confrontar todas essas tribulações, busca desvendar-se e conhecer-se melhor. E este processo se torna mais fluido com a chegada de um novo amor, que a faz repensar e contemplar sua existência. Esta jornada revela-se não apenas acertada, mas essencial, transmitindo a sensação de crescimento e metamorfose pessoal. Contudo, é neste ponto que surge o plot twist, genial em minha opinião, que confere à história um rumo mais intrigante.
Com uma trama madura e envolvente, Aimée de Jongh e Ingrid Chabbert pintam um retrato sutil, tocante e moderno de uma crise na meia-idade, em um road movie literário impossível de largar antes do desfecho. Uma obra que irradia um sopro libertador, desafiando os tabus da transformação de vida e da sexualidade. Assim, ao abordar temas delicados com leveza e perspicácia, "Sessenta Primaveras no inverno" nos conduz a uma reflexão sobre como o peso da idade pode ser determinante em nossas escolhas.
O clube de leitura acontece dia 28/03/2024
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