A morte e o luto permeiam as histórias em quadrinhos e suas adaptações cinematográficas, que tal aprofundarmos um pouco neste aspecto em alguns filmes lançados?
Logan - 2017
Nosso querido Wolverine precisa lidar com inúmeras perdas, seja de seus colegas X-Men, mas também lidar com um tipo de luto envolvido quando ocorrem perdas ambíguas.
As perdas ambíguas, nesta história, corresponde a situação do Professor Xavier envelhecido, o mentor dos mutantes que, após um descontrole e ter matado alguns membros da equipe começa a sofrer de Alzheimer, uma doença neurodegenerativa, caracterizada pela deterioração dos neurônios levando ao declínio cognitivo da pessoa, assim como nos comportamentos.
Ao mesmo tempo em que Xavier se encontra presente concretamente, por conta da doença existe a perda psicológica (memórias, personalidade e sentido do eu). Logan sofre uma série de emoções ambíguas que podem se tornar traumáticas, como a inabilidade de resolver a situação, dor, confusão e estresse.
Pantera Negra 2 – 2022
O filme inteiro é uma homenagem ao ator Chadwick Boseman, que morreu durante as filmagens do longa. O filme possibilita de uma forma ou de outra, que todos os envolvidos e também nós expectadores, vivenciássemos o luto pela perda do ator e expressássemos nosso pesar.
A importância dos ritos fúnebres assim como a expressão de sentimentos é parte essencial para a vivência desse momento tão dolorido, mas inerente a existência de cada um de nós. Ao longo do filme, a irmão do personagem, Shuri consegue acomodar a culpa e a raiva pela perda do irmão, encontrando outras formas de preservar o vínculo com o falecido que não envolve ficar agarrado e preso a dor.
Ao assumir o manto de Pantera Negra, Shuri está honrando valores que seu irmão prezava e mantendo o vínculo vivo.
The Flash – 2023
O mote principal do filme é sobre a perda e a dificuldade que as pessoas encontram para acomodar esse vínculo que se partiu. O tempo é o tecido que costuramos a nossa existência, aquilo que fazemos com ele, sejam atitudes tomadas ou não, experiências vividas ou não, oportunidades aproveitadas ou não, vão tecendo uma tapeçaria única.
Quem de nós não gostaria de voltar uma ou várias vezes no tempo e consertar essa ou aquela decisão? Mas não é possível realizar essa façanha e, por incrível que pareça, reconhecer e aceitar essa verdade universal, existencial é emocionalmente e racionalmente um tremendo desafio.
Infelizmente, um desafio que todos nós teremos, em algum momento, em enfrentar, reconhecer e acomodar dentro de nós essa verdade, principalmente, no que diz as perdas. O vínculo não precisa acabar com a morte.
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